segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Recordar e aprender: a lógica dos acentos gráficos



Já sabemos que a maioria dos vocábulos da nossa língua (em torno de 80%) não apresenta acento gráfico. Sabemos também que o objetivo dos acentos é indicar uma pronúncia inesperada.

A base é muito simples: “só assinalar o inesperado; deixar sem marca o que é previsível”.

Vejamos mais exemplos para entender a lógica das regras de acentuação gráfica:

A maior parte das nossas palavras são paroxítonas terminadas em “a(s)”, “e(s)”, “o(s)”, “em(ens)” e “am”. Em razão disso, não precisam de acento gráfico: barata(s), bola(s), serpente(s), dente(s), sapato(s), bolo(s), jovem(ens), nuvem(ens), falam, estavam...

É por isso que devemos acentuar graficamente as palavras paroxítonas que tenham terminação “estranha” (ã, ão, i, is, u, us, r, x, n, l, um, ps...): órfã, órgão, táxi, lápis, vírus, revólver, ônix, pólen, túnel, álbum, bíceps...

A regra para acentuar as oxítonas, cujo número de vocábulos é menor que o de paroxítonas, é determinada pela regra das paroxítonas. 

Entenda melhor no esquema:
a) terminadas em “a(s)”, “e(s)”, “o(s)”, “em(ens)” = OXÍTONAS (com acento) - PAROXÍTONAS (sem acento);
b) demais terminações = OXÍTONAS (sem acento) – PAROXÍTONAS (com acento).

É por isso que coco e item não têm acento gráfico. São palavras paroxítonas terminadas em “o” e “em”, ou seja, é a posição esperada da sílaba tônica. É a pronúncia da maioria das palavras paroxítonas terminadas em “o” e “em”: bolo, ovo, jogo, vendo, pato, jovem, ordem, nuvem...

Caso a pronúncia seja inesperada (=oxítona), devemos indicar isso com acento gráfico: cocô, paletó, avô, após, refém, porém, armazém, parabéns...

A maioria das palavras da língua portuguesa é paroxítona.

Em razão disso, todas as proparoxítonas (=pronúncia inesperada) devem receber acento gráfico: amássemos, prático, cágado, ínterim... Também incluímos aqui as paroxítonas terminadas em ditongo crescente (=ia, io, ie, eo, oa, ua, ue...): secretária, sério, maquinário, cárie, róseo, mágoa, água, tênue, bilíngue...

Que o sistema tem uma lógica interna, não há dúvida. Há, entretanto, um princípio básico falso: o sistema parte da ideia equivocada de que a escrita teria supremacia sobre a fala. Não podemos esquecer que a fala vem antes da escrita. Mas isso é outra discussão.

1. ACENTUAÇÃO GRÁFICA (2ª. parte)



Posição da sílaba tônica:
4) Proparoxítona (sílaba tônica na antepenúltima): pálido;
5) Paroxítona (sílaba tônica na penúltima): palito;
6) Oxítona (sílaba tônica na última): paletó.

Uso dos acentos gráficos:
B) - Regras básicas (nada muda com a nova reforma ortográfica):

3ª) Oxítonas – Só recebem acento gráfico as terminadas em:
a(s) – sofá, atrás, maracujá, babás, dirá, falarás, encaminhá-la, encontrá-lo-á;
e(s) – café, pontapés, você, buquê, português, obtê-lo, recebê-la-á; 
o(s) – jiló, avô, avós, gigolô, compôs, paletó, após, dispô-lo;
em, ens – além, alguém, também, parabéns, vinténs, ele intervém, tu intervéns.
Observações:
Não recebem acento gráfico as oxítonas terminadas em:
i(s) – aqui, saci, Parati, anis, barris, adquiri-lo, impedi-la;
u(s) – bauru, urubu, Nova Iguaçu, Bangu, cajus, expus;
az, ez, oz – capaz, rapaz, talvez, xadrez, atroz, arroz;
or – condor, impor, compor;
im – ruim, assim, folhetim.

4ª) Monossílabas – Só recebem acento gráfico as palavras tônicas (substantivos, adjetivos, verbos, pronomes, advérbios, numerais) terminadas em:
a(s) – pá, gás, má, más, ele dá, há, tu vás, dá-lo, já, lá;
e(s) – fé, ré, pés, mês, que ele dê, ele vê, vê-los, tu lês, três;
o(s) – pó, dó, nó, nós, cós, vós, pôs, pô-lo.
Observações:
a) Não recebem acento gráfico os monossílabos tônicos terminados em:
i(s) – ti, si, bis, quis;
u(s) – tu, cru, nus, pus;
az, ez, oz – paz, traz, fez, vez, noz, voz;
or – cor, for, dor;
em, ens – bem, sem, trens, ele tem, ele vem, tu tens, tu vens. 
b) Não recebem acento gráfico os monossílabos átonos:
artigos definidos: o, a, os, as;
conjunções: e, mas, se, que;
preposições: a, de, por;
contrações (combinações): da, das, no, nos;
pronome relativo: que.
c) A palavra QUE recebe acento circunflexo, quando substantivada ou no fim de frase, já que se torna uma palavra tônica:
As crianças tinham um quê todo especial.
Procurava não sabia o quê.
Ele viajou por quê?

http://g1.globo.com/educacao/blog/dicas-de-portugues/post/recordar-e-aprender-logica-dos-acentos-graficos.html

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